Milo Manara

Manara estreou no mundo dos quadrinhos em 1969 com a obra Genius um conto noir sensual e sombrio na linha de HQ’s como "Kriminal" e "Satanik". Trabalhou para publicações menores ("Jolanda", revista de arte soft-core, e a satírica revista "Telerompo") até ter sido convidado pelo "Il Corriere dei Ragazzi” trabalhar com escritor Mino Milani. A primeira história dos dois chamava-se "HP e Giuseppe Bergman", de 1983. A sigla "HP" é a abreviação do nome de um grande amigo deles, o artista e caricaturista italiano Hugo Pratt. Bergman havia sido criado por Manara cinco anos antes, para a revista francesa “A Suivre”.

Os quadrinhos de Manara geralmente giram em torno de mulheres elegantes, bonitas expostas a cenários e enredos eróticos improváveis e fantásticos. Em alguns de seus livros mais famosos estão os contos "Il Gioco" (1983, em quatro partes, de "Click"), sobre um dispositivo que deixava as mulheres incontrolavelmente excitadas, e "Il Profumo dell'invisibile " (de 1986, em Butterscotch), sobre a invenção de uma tinta que deixava seu portador invisível.

Um dos seus trabalhos mais aclamados foi justamente em colaboração com Hugo Pratt. The Ape, para a Heavy Metal, revista mensal ‘’cult’’ do início dos anos oitenta, que reconta a história de Sun Wukong, o deus-macaco da mitologia chinesa - com humor, arte sensual e um série de críticas políticas.
O estilo de Manara favorece linhas mas simples e limpas para mulheres – que são muito voluptuosas, diga-se de passagem - e reservam traços mais complexos para seus monstros ou outros elementos sobrenaturais. Como o seu compatriota Tinto Brass, tem uma evidentemente uma fixação por mulheres com bumbuns firmes e bonitos, quadris largos e semblante angelical.

Muitos de seus quadrinhos contêm temas como bondage, sadismo, e voyeurismo, coisas sobrenaturais, e a tensão sexual sob diversos aspectos da sociedade italiana. Os seus trabalhos são bem esclarecidos e explícitos, mas o humor-negro é sempre dirigido à misogenia. O talento de Manara criou ao longo do tempo um clima de assombro e êxtase, e onde quer que esteja é celebrado e homenageado por fãs, e, devido a muitas de suas incursões aos quadrinhos mais “tradicionais”, também é extremamente reverenciado pela mídia popular ou especializada.

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A Metamorfose de Lucius por Manara

"A Metamorfose de Lucius", segundo álbum lançado pela editora Pixel desenhado pelo italiano Milo Manara, apresenta a lenda do Asno de Ouro, um texto clássico do Século 2 dC. O autor, Lúcio Apuleio, nascido na Argélia na época em que foi dominada pelo Império Romano, narra a história de Lucius, um rapaz que encontra uma poção mágica e, com ela, espera se transformar num pássaro. O plano dá errado e, em vez de sair voando, Lucius vira um burro. Mesmo com sua nova forma, continua pensando como humano e envolvendo-se com fogosas mulheres. Assim, o homem transformado em animal passa por grandes aventuras e apuros na Roma Antiga.

A HQ, publicada originalmente em 1999, chega agora ao Brasil pela editora Pixel e a partir desta semana estará nas principais bancas e comic shops de todo o país. Toda a história é ricamente ilustrada por Milo Manara, o mestre máximo dos quadrinhos eróticos. Mulheres bonitas e belas cenas de sexo não faltam em "A Metamorfose de Lucius". Mas Manara não fica apenas nisso. Ao longo da história, o leitor poderá vislumbrar cenários belíssimos e cheios de detalhes que somente um artista de sua envergadura poderia proporcionar.

O álbum traz também uma entrevista exclusiva com Milo Manara, concedida ao jornalista e crítico de cinema Rodrigo Fonseca. Nela, Manara conta que não faz desenhos vulgares, apenas eróticos. Diz que sabe pouco sobre o governo Lula e que tem vontade de conhecer melhor o Brasil: "O que guardei daí foi a impressão anatômica que as mulheres do seu país deixaram em mim. Principalmente quando falamos dos quadris.”
“A Metamorfose de Lucius” vem ainda com um texto introdutório do jornalista Gonçalo Junior, o maior especialista brasileiro sobre a obra de Milo Manara.

A Metamorfose de Lucius 60 páginas, R$ 25,90